segunda-feira, 8 de outubro de 2012


MÚSICA E MÚSICOS ESTEREOTIPADOS

Eu estou cansada de estereótipos: pra você gostar de música você TEM DE ser um chapado ou bebum? Ou tentar pegar todo mundo? Tem mesmo? Será que você levanta mesmo a bandeira de músico ou usa este pretexto para fugir da vida de merda que você tem, se consumindo em sonhos e viagens temporárias? Distorcendo tua realidade e vendendo a imagem de liberal, de mente aberta, de "não tô nem aí pra sociedade", mas fazendo exatamente o que se espera do estereotipado "alternativo" que faz de tudo pra ser popular. Bem engraçado isso, não? Então eu digo que não apenas gosto como AMO MÚSICA, e isso é de verdade : eu a consumo  e ouço todos os dias, às vezes, estudo composição, outras vezes toco, canto e somente não faço mais do que isso porque como um adulto que depende exclusivamente do meu  trabalho - e é o meu trabalho que me sustenta - não posso me dar ao luxo de viver de música o dia todo como gostaria. Depois de um longo dia de trabalho e estudo, depois de manter as contas em dia, a casa e essas coisas do tipo bem sem graça que TODO MUNDO TEM DE FAZER QUANDO SE TORNA INDEPENDENTE DE VERDADE, só depois, e entre um espacinho de tempo e outro é que posso curtir minhas músicas em mp3 e meu inseparável e companheiro  fone de ouvido.

Mas isso não muda o sentido que ela tem, PARA MIM A MÚSICA É O QUE REALMENTE IMPORTA, não as drogas de cigarros de maconha que você fuma ou as histórias que você conta por ter bebido até morrer. Ou daqueles idiotas que tocam porque querem comer todo mundo. Isso qualquer um pode fazer, sem conhecer uma única nota ou um único artista.
A diferença é que nunca fui muito popular, nem muito especial. Não toco tão bem como gostaria, mas conheço muito sobre o que gosto, pode apostar. Nunca precisei fumar nem beber, nem sair com ninguém pra dizer que tinha uma banda de rock, o que sempre quis foi fazer música para pessoas apreciarem, assim como aprecio a música de muita gente, esse era meu sonho. Talvez o que tenha faltado para as coisas darem certo tenha sido o maldito estereótipo, o qual não possuo.

O rock é o som com o qual me identifico, ouço também outros estilos que o permeiam, mas é ele que faz sentido para mim. Todos os dias antes de ir para o trabalho, o que me faz desejar um bom dia aos meus colegas é a música; a que me alegra, a que me dá esperanças, aquela que me faz sonhar e tentar melhorar a cada dia, mesmo com todas as dificuldades que a vida impõe. A música é o que me representa, não as roupas de fabricação em série, nem o sexo à toa ou drogas lícitas - ou não! -  apenas o rock é o que faz sentido e realmente importa para mim.

Então finalizo sugerindo a todos que aproveitem suas vidas consumindo aquilo com que mais se identificarem, com aquilo que traduzir suas personalidades. E não sinta culpa se você for um estereótipo, viva numa boa e aproveite sua popularidade. Apenas não venda sua imagem vazia de significado para mim que não vai funcionar.  Para mim, a música é o tal "compromisso" e foi ela quem me escolheu.

domingo, 4 de março de 2012

A Era Digital de Protestos e o Cibercidadão

Inaugurando o ano que já está no terceiro mês, mais uma das minhas ideias nem sempre muito convencionais em forma de texto ;)


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A era digital é cheia de novidades. Em se tratando de tecnologia recente, não é surpresa descobrir algo novo cada vez que ligo o computador. E quando vem o inevitável sentimento do adulto neo-obsoleto, que tem uma conta no Facebook, no Twitter e no MySpace, mas que não entende a metade do que eles oferecem (ou que não concorda com alguns excessos), eu repenso a real utilidade de tudo isso no meu cotidiano.
A ferramenta “compartilhar” do Facebook é bem legal, pois é possível dividir ideias e opiniões com todos os amigos, que poderão fazer isso também com os seus, se quiserem. Só que o conceito de interessante é bem pessoal, e o que acabo vendo nos compartilhamentos são listas infinitas de temas, comentários e imagens sem conteúdo algum.
Não espero que tudo o que circula na internet possua significado moral, mas fato é que a opinião pública diante de acontecimentos urbanos como o resultado do futebol, os crimes contra animais, a corrupção política brasileira ou as questões de gênero: tudo está carregado com o deboche latino-americano, irônico ou conformista, que muito pouco ou nada tem se comprometido em melhorar o mundo real. É quase como assumir naturalmente não haver solução e ser um expectador acomodado diante da própria realidade. Será que há valor em manifestos de indignação pública postados através de correntes “ctrl+c e ctrl+v” no perfil do Facebook? Eu penso nisto porque a ideia implícita destas ações é de que se está praticado cidadania. Uma sensação positiva circula, de que as pessoas não estão caladas diante dos acontecimentos, mas na verdade, não parece muito melhor do que se estivessem em silêncio. A cidadania cibernética que temos hoje está longe do que idealizamos; ela é apenas uma manifestação digital restrita que não busca mudar em nada a vida das pessoas; mais uma distração contemporânea, cujo principal objetivo é o de postar informações em sequência, sem refletir muito porque já tem outro acontecimento novo saindo do forno. E desse modo, atônitos no meio de tantas informações e seguros no conforto de nossas casas, não fazemos nada além de postar que estamos agindo.
Não nos vemos mais fora das redes sociais, pois elas têm um propósito eficaz: conectar as pessoas. Também não queremos isto. Postar a indignação com o mundo real? Claro que sim, também é possível torná-la pública. Mas seria excelente se funcionasse. Se as pessoas deixassem de comprar um produto ao descobrirem ser fabricado usando mão de obra escrava (ou semiescrava). Ou, ao perceberem que seu jogador-herói de futebol tem por hábito agredir mulheres, deixassem de torcer e de consumir os produtos que ele vende. Utópico? Talvez seja. Poderia citar muitos outros exemplos, mas estes parecem suficientes para convencer qualquer um de que não estamos fazendo nada além de passar adiante nossas mensagens de texto ou apresentações de Power Point. Esta é a nossa realidade. Demos à rede o lugar que antes pertencia à praça principal onde ocorriam as manifestações públicas, sem pose para foto, onde a vida já foi mais pessoal, mais física e bem mais real.